21.6.05

Prochaine estation, Guy-Concordia... (Proxima estacao, Guy-Concordia).

Faz muito tempo que eu realmente nao sento na frente do computador e escrevo...eu sinto tanta falta!

As vezes me falta vontade, inspiracao ou ate forcas mesmo...eu ando me concentrando tanto em falar frances e ingles que fico maluca so de pensar em colocar a cabeca para funcionar depois da aula.

Eu sinto falta de detalhes da minha cidade, sinto falta do metro, por exemplo. Quem diria, eu sentindo falta do metro...mas na verdade, eu sinto falta das minhas maluquices mesmo.
Pois sim, eu assumo, sou maluca sim. Eu, toda vez que pegava o metro em Sao Paulo, adorava ficar observando as pessoas ao meu redor, eu ficava sentada ali, passando os meus olhos de uma pessoa para a outra, tentando entender quem exatamente eram.

Eu sempre escolhia alguem diferente, era so eu entrar no vagao do metro para eu escolher a minha vitima, ops, digo, pessoa.

Nao preciso nem dizer que eu precisava disfarcar, para a pessoa nao pensar que eu a estava encarando, so faltava eu ainda arrumar problemas por la.
Um dia, depois de uma aula na faculdade super chata, eu fui para o metro sonhando chegar em casa para tomar um banho, comer e dormir, mas foi so eu sentar, que relaxei e acabei tendo a minha atencao voltada para um senhor. Ele devia estar entre os seus 50 ou 60 anos, a pele curtida do sol, cheia de rugas, um rosto que parecia muito sofrido e marcado pelo tempo. O homem chorava copiosamente, sem parar, solucando e segurando forte, quase amassando uma carta nas maos.

As lagrimas dele caiam diretamente no papel e manchavam a carta que ele segurava, e o senhor, continuava a chorar, sem parecer se importar com nada.

A minha cabeca comecou logo a funcionar, eu fiquei entre curiosa e penalizada com a cena que eu estava vendo. Eu ja imaginei que ele devia vir de um outro estado, talvez Norte ou Nordeste e que aquela era uma carta de alguem da familia dele, contando alguma tragedia ou morte.
Ele estava tao entretido na sua dor, que acho que nem se dava conta de tempo e espaco, ele parecia estar ali ha muito tempo, naquela mesma posicao. A expresao dele era a mesma o tempo todo, com excessao dos solucos e das lagrimas que desciam e desciam e desciam...
Nao demorou muito para a minha estacao chegar e eu descer.

Eu havia acabado de vislumbrar alguns segundos da vida de um estranho. E era sempre assim, eu sempre tinha contato com a vida de algum estranho por alguns segundos e depois, seguia o meu caminho, sem nunca mais ve-lo.

Aqui, eu faco a mesma coisa, mas o canadense e muito diferente do brasileiro, a imaginacao aqui tambem e muito estimulada, mas de forma muito diferente.

Existem pessoas muito estranhas e bizarras aqui, falo isso pela maneira como se vestem, usam seus cabelos, maquiagem e etc, ja em Sao Paulo, voce tambem encontra um pouco disso, mas o rosto das pessoas parece que carrega mais as suas historias de vida, o tempo fica mais visivel ali, as amarguras que passaram parecem estar estampadas, para quem quiser ve-las.

Eu espero nao ter no meu rosto as marcas de dor que vejo em tantos rostos por ai. Eu nao terei amarguras em forma de rugas. Serei uma velhinha com rugas de felicidade, de tanto sorrir

3 comentários:

Anônimo disse...

Vc com saudade de metro de sp....eu to tirando ferias dele...rss. Todo dia eu pego ele pra facul...mas isso eh verdade, eu tbm adoro observar as pessoas, tem mtas pessoas e todas diferentes, com uma expressao diferente, um jeito diferente. Saudades! Bjos

Anônimo disse...

Saudade....

Anônimo disse...

Naum, tu naum vai ter rugas pq tu vai usar creminhos feitos por mim especialmente pra ti!! huahauahuahauahuahuahuaha
Bises na tête!!